quinta-feira, 21 de abril de 2011

Um ótimo texto sobre o Avivamento da Rua Azuza


WILLIAN SEYMOUR E A RUA AZUSA



O Avivamento da Rua Azusa na cidade de Los Angeles, Estados Unidos, tem marcado profundamente o cristianismo dos últimos cem anos. Hoje, dos 660 milhões de cristãos protestantes e evangélicos no mundo, 600 milhões pertencem a igrejas que foram diretamente influenciadas pelo avivamento da Rua Azusa. (Eddie Hyatt, 2006).
           
O inicio do avivamento começou com o ministério de Charles Fox Parham. Em 1898 Parham abriu um ministério, incluindo uma escola bíblica, na cidade de Topeka, Kansas. Depois de estudar o livro de Atos, os alunos da escola começaram buscar o batismo no Espírito Santo, e, no dia 1º de janeiro de 1901, uma aluna, Agnes Ozman, recebeu o batismo, com a manifestação do dom de falar em línguas estranhas. Nos dias seguintes, outros alunos, e o próprio Parham, também receberam a experiência e falaram em línguas. (Larry Martin, 2000).
           
Nesta época, as igrejas Holiness (Santidade), descendentes da igreja Metodista, ensinaram que o batismo no Espírito Santo, a chamada “segunda benção”, significava uma santificação, e não uma experiência de capacitação de poder sobrenatural. Os dons do Espírito Santo, tais como falar em línguas estranhas, não faziam parte da sua teologia do batismo no Espírito. A mensagem de Parham, porém, foi que o batismo no Espírito Santo deve ser acompanhado com o sinal miraculoso de falar em línguas.
           
Parham, com seu pequeno grupo de alunos e obreiros, começou pregar sobre o batismo no Espírito Santo, e também iniciou um jornal chamado “The Apostolic Faith” (A fé apostólica). Em janeiro de 1906 ele abriu uma escola bíblica na cidade de Houston, Texas. Um dos alunos desta escola foi Willian Seymour. Nascido em 1870, filho de ex-escravos, Seymour estava pastoreando uma pequena igreja Holiness na cidade, e já estava orando cinco horas por dia para poder receber a plenitude do Espírito Santo na sua vida.       
           
Seymour enfrentou as leis de segregação racial da época para poder freqüentar a escola. Ele não foi autorizado a ficar na sala de aula com os alunos brancos, sendo obrigado a assistir as aulas do corredor. Seymour também não pode orar nem receber oração com os outros alunos, e consequentemente não recebeu o batismo no Espírito Santo na escola, mesmo concordando com a mensagem.
           
Uma pequena congregação Holiness da cidade de Los Angeles ouviu sobre Seymour e o chamou para ministrar na sua igreja. Mas quando ele chegou e pregou sobre o batismo no Espírito Santo e o dom de línguas, Seymour logo, foi excluído daquela congregação. Sozinho na cidade de Los Angeles, sem sustento financeiro nem a passagem para poder voltar a Houston, Seymour foi hospedado por Edward Lee, um membro daquela igreja, e mais tarde por Richard Asbery. Seymour ficou em oração, aumentando seu tempo diário de oração para sete horas, pedindo que Deus  lhe desse “aquilo que Parham pregou, o verdadeiro Espírito Santo e fogo, com línguas e o amor e o poder de Deus, como os apóstolos tiveram”. (Eddye Hyatt, 2006).
           
Uma reunião de oração começou na casa da família Asbery, na Rua Bonnie Brae, número 214. O grupo levantou uma oferta para poder trazer Lucy Farrow, amiga de Seymour que já tinha recebido o batismo no Espírito Santo, da cidade de Houston. Quando ela chegou, orou para Edward Lee, que caiu no chão e começou a falar em línguas estranhas.
           
Naquela mesma noite, 9 de abril de 1906, o poder do Espírito Santo caiu na reunião de oração na Rua Bonnie Brae, e a maioria das pessoas presentes começou a falar em línguas. Jennie Moore, que mais tarde se casou com Willian Seymour, começou a cantar e tocar o piano, apesar de nunca ter aprendido a tocar. A partir dessa noite, a  casa na Rua Bonnie ficou lotada com pessoas buscando o batismo no Espírito Santo. Dentro de poucos dias, o próprio Seymour também recebeu o batismo e o dom de línguas. (Eddie Hyatt, 2006).
           
Sabendo que a casa na Rua Bonnie Brae estava ficando pequena demais para as multidões, Seymour e os outros procuravam um lugar para se reunir. Eles acharam um prédio na Rua Azusa, número 312, que tinha sido uma igreja Metodista Episcopal, mas, depois de ser danificado num incêndio, foi utilizado como estábulo e depósito. Depois de tirar os escombros, e construir um púlpito de duas caixas de madeira e bancos de tábuas, o primeiro culto foi realizado na Rua Azusa no dia 14 de abril de 1906.
           
Muitos cristãos na cidade de Los Angeles e cidades vizinhas já estavam esperando por um avivamento. Frank Bartleman e outros estiveram pregando e intercedendo por um avivamento como aquele que Deus estava derramando sobre o país de Gales. Num folheto escrito em novembro de 1905, Bartleman escreveu: A correnteza do avivamento está passando pela nossa porta... O espírito de avivamento está chegando, dirigido pelo sopro de Deus, o Espírito Santo. As nuvens estão se juntando rapidamente, carregadas com uma poderosa chuva, cuja precipitação demorará apenas um pouco mais. Heróis se levantarão da poeira da obscuridade e das circunstâncias desprezadas, cujos nomes serão escritos nas páginas eternas da fama celestial. O Espírito está pairando novamente sobre a nossa terra, como no amanhecer da criação, e o decreto de Deus saía: “Haja luz”... Mais uma vez o vento do avivamento está soprando ao redor do mundo. Quem está disposto a pagar o preço e responder ao chamado para que, em nosso tempo, nós possamos viver dias de visitação divina? (Frank Bartleman, 1980).
           
O interesse nas reuniões da Rua Azusa aumentou depois do terrível terremoto do dia 18 de abril, que destruiu a cidade vizinha de San Francisco. Duras críticas das reuniões nos jornais da cidade também ajudavam a espalhar a notícia do avivamento. Como no avivamento de Gales, as reuniões não foram dirigidas de acordo com uma programação, mas foram compostas de orações, testemunhos e cânticos espontâneos. No jornal da missão, também chamado “The Apostolic Faith”, temos a seguinte descrição dos cultos: “As reuniões foram transferidas para a Rua Azusa, e desde então as multidões estão vindo. As reuniões começam por volta das 10 horas da manhã, e mal conseguem terminar antes das 20 ou 22 horas, e às vezes vão até às 2 ou 3 horas da madrugada, porque muitos estão buscando e outros estão caindo no poder de Deus. As pessoas estão buscando no altar três vezes por dia, e fileiras e mais fileiras de cadeiras precisam ser esvaziadas e ocupadas com os que estão buscando. Não podemos dizer quantas pessoas têm sido salvas, e santificadas, e batizadas com o Espírito Santo, e curadas de todos os tipos de enfermidades. Muitos estão falando em novas línguas e alguns estão indo para campos missionários com o dom de línguas. Estamos buscando mais do poder de Deus”. (Jornal The Apostolic Faith da missão Azusa).            
           
A influência da missão Azusa começou a diminuir à medida que outras missões e igrejas abraçaram a mensagem e a experiência do batismo do Espírito Santo. Uma visita de Charles Parham à missão, em outubro de 1906, resultou em divisão e o estabelecimento de uma missão rival. Parham não se conformava com a integração racial do movimento, e criticou as manifestações que ele viu nas reuniões.
           
O avivamento da Rua Azusa durou apenas três anos, mas foi instrumental na criação do movimento pentecostal, que é o maior segmento da igreja evangélica hoje. William H. Durham recebeu seu batismo no Espírito Santo em Azusa, formando missionários na sua igreja em Chicago, como E.N. Bell (Fundador da Assembléia de Deus dos Eua), Daniel Berg (Fundador da Assembléia de Deus no Brasil) e Louis Francescon (Fundador  da Congregação Cristã no Brasil). (Grant McClung, 2006).

Monografia: O AVIVAMENTO, O PENTECOSTALISMO E A IGREJA PRESBITERIANA RENOVADA DO BRASIL, Almeida, Carlos A T – Barbosa Ferraz, PR, 2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário